Produtor que mora há 21 anos no país ainda tenta contato com parentes
O brasileiro Edison Mineki não é novato em terremotos. Morando há 21 anos, na capital do Japão, Tóquio, acostumou-se com os tremores constantes. Nem isso, no entanto, o preparou para o abalo de 8,9 graus na escala Richter que atingiu o país na última sexta-feira (11).
- Achei que eu é que estava com tontura, passando mal, já que o chão parecia ir de um lado para o outro. Mas aí percebi que era um grande terremoto, o pior que senti aqui.
Mineki estava em uma estação de trem quando o tremor mais forte da história do Japão aconteceu. Ele conta que, imediatamente, o monitor de TV do local começou a passar informações sobre o abalo e a transmitir os alertas de tsunami que, dizem as autoridades locais, ajudaram a salvar milhares de vidas.
- Saí para a rua e fiquei com outras pessoas por ali, sempre de olho nos arredores para garantir que nenhum pedaço de vidro ou concreto caísse em cima da gente.
Conectado por celular e iPad às redes sociais, Mineki - que é produtor de um festival de cinema brasileiro no Japão - imediatamente começou a usar o Twitter para transmitir orientações e acalmar outros brasileiros que moram no país.
- Tenho cerca de 200 seguidores. Muitos dos brasileiros aqui não entendem japonês ou não são tão veteranos quanto eu. A ideia era acalmar e orientar as pessoas sobre o que fazer.
O brasileiro, cuja família ainda mora no Estado de São Paulo, começou a retransmitir todas as mensagens que considerava importantes para a segurança de seus seguidores.
- Falei para colocarem um calçado seguro, desligar o gás, colocar os documentos em uma mochila e reservar garrafas de água. Fiz isso durante um bom tempo. Também pedi para que as pessoas deixassem as linhas de telefone livres para os serviços de emergência.
Com os telefones inevitavelmente congestionados, foram as redes sociais que ajudaram o produtor a entrar em contato com sua família no Brasil.
- Pedi a amigos no Facebook que avisassem meus pais e meus irmãos que eu estava bem.
Quando o susto inicial passou, o brasileiro começou a tentar contato com duas tias e quatro primos que moram na região de Fukushima e Sendai, as mais atingidas pelo terremoto e pelos tsunamis. Até agora, no entanto, Mineki não teve sucesso na empreitada.
- Não consigo falar com eles por telefone. Estou em contato com a prefeitura e pedi para eles procurarem por lá, mas ainda não tivemos sucesso.
O produtor diz que a grande preocupação, agora, é com a situação das duas usinas nucleares afetadas pelo tremor e pelas ondas no nordeste do país.
- Existe certa indignação e certa desconfiança sobre se o governo não está escondendo a real gravidade da situação.
Nos próximos dias, diz Mineki, a ordem é economizar energia. Com as usinas nucleares afetadas pelo tremor, o Japão corre sério risco de enfrentar cortes de eletricidade por muitos dias.
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R7.com